O setor de celulose, papel, embalagens e artefatos do Paraná deve investir cerca de R$ 2,2 bilhões entre 2017 e 2021, o que confirma a tendência de crescimento da base produtiva registrada em 2016, ano em que foram aportados R$ 2,23 bilhões no setor florestal. A projeção é da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), com base em dados dos próprios associados. Os investimentos estão direcionados a florestas (70%) - distribuídos entre plantios florestais e colheita florestal -, seguidos pela indústria, com 21%. O Paraná é o 15º Estado brasileiro em extensão, com 199.307,922 km2, mas possui a terceira maior área de floresta plantada de pinus e eucalipto, atrás apenas de Minas Gerais e Mato Grosso. As duas espécies são consideradas as melhores matérias-primas para a produção de celulose de fibra curta (eucalipto) e fibra longa (pinus). As áreas mais extensas de florestas estão situadas na região dos Campos Gerais, entre o norte do Estado de São Paulo e sul de Santa Catarina, região com invernos mais amenos, precipitações pluviométricas médias de 1.500 mm/ano e insolação na maior parte do ano, o que permite um ciclo mais rápido de produtividade das duas principais matérias-primas.Entre o plantio e o corte do eucalipto decorrem apenas sete anos, enquanto a média em países como Espanha e Austrália é de 14 anos; no caso do pinus são 16 anos enquanto nos países escandinavos chega a 70 anos. Somam-se às questões geográficas as facilidades logísticas, com eficiente rede ferroviária e rodoviária. Em média, o Porto de Paranaguá está a cerca de 450 quilômetros dos principais municípios produtores, como Telêmaco Borba e Tibagi. Não foi por acaso que o maior investimento privado da história do Paraná partiu de um gigante do setor. Resultado de um aporte de R$ 8,5 bilhões, a Klabin inaugurou, em 2016, no município de Ortigueiras, a unidade Puma, complexo industrial de 24 mil m2 de área construída em um terreno de 48 mil m2. É a única unidade do Brasil capaz de produzir em uma planta a celulose branqueada de fibra curta, celulose branqueada de fibra longa e celulose fluff (matéria prima para fraldas e absorventes). A capacidade anual de produção é de 1,5 milhão de toneladas, sendo 1,1 milhão de fibra curta e 400 mil toneladas de fibra longa, convertida em celulose fluff, voltada para o mercado doméstico. Segundo Francisco Razzolini, diretor de tecnologia industrial, inovação, sustentabilidade e negócio de celulose da Klabin, os diferenciais competitivos estão relacionados à história do grupo no Paraná. "Na década, a família Klabin comprou a fazenda Monte Alegre, em Tibagi, com objetivo de montar a primeira fábrica de papel imprensa no Brasil", recorda. A indústria só começou a operar em 1946, mas neste período expandiu-se o plantio de pinus e eucalipto na propriedade. Atualmente, a Klabin dispõe de 134 mil hectares de floresta, sendo 120 mil hectares dentro da Fazenda Monte Alegre. A produção abastece a unidade Puma e a fábrica de papel embalagem, em Telêmaco Borba, unidade que recebeu investimentos de R$ 1 bilhão entre 2006 e 2008. "O raio médio entre as fábricas e o corte da árvore é de 72 km enquanto que nas concorrentes do setor o raio é de até 200 km", afirma Razzolini. A Klabin conta ainda no Paraná com uma fábrica de produção de caixas de papelão, localizada em Rio Negro, e uma unidade de logística em Paranaguá. No total, são 10 mil empregos diretos e indiretos, com movimentação anual de 12 milhões de m3 de madeira. De acordo com Rui Gerson Brandt, presidente do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sinpacel), um dos principais impeditivos para o aumento da produção de celulose é o alto valor das terras. "A maioria dos associados são de empresas familiares de papel e artefatos, que produzem a partir de aparas. Falta financiamento para a compra de máquinas novas", afirma. Algumas das companhias são conhecidas nacionalmente, como a Sepac (fabricante de papéis higiênicos e fraldas descartáveis) e a Mili, que produz uma ampla variedade de itens de higiene e guardanapos. Nascida há 63 anos no município de Turvo, a Ibema rompeu as fronteiras em 2016, ao adquirir a unidade da Suzano, no município de Embu das Artes (SP), que permitiu ampliar a produção anual para 140 mil toneladas de papel cartão. "Somos a terceira maior fabricante do Brasil", comemora Nilton Saraiva, presidente da Ibema, que conta com 800 funcionários. A empresa, porém, não passou incólume pela crise. Segundo Saraiva, em 2015 a Ibema adiou investimentos de R$ 15 milhões. "Cortamos gastos, mas mantivemos os empregos" afirma. De acordo com dados do setor, a indústria de celulose, papel, embalagens e artefatos paranaense tem um faturamento médio anual de R$ 8 bilhões e emprega cerca de 170 mil pessoas. ... Leia a matéria completa publicada no Valor Econômico clicando aqui!